Ou o hit Soy Latino Americano/ E nunca me engano/ E nunca me engano/
O que eu não sabia é que ele havia escrito livros, a entrevista foi simplesmente maravilhosa, como poucas que eu vi no Jô Soares (que é um porre!!!). Pesquisei em sites, na livrarias em MT e por fim chegou as minhas mãos o livro Johaben – O Diário de um construtor do Templo, o primeiro livro da trilogia. Esta trilogia seque com Zorobabel: Reconstruindo o Templo e Esquin de Floyrac: O fim dos Templos.
Este templo em questão é o de Jerusalém projetado por Yahweh (Deus), a morada final da Arca da Aliança, trazida com os hebreus desde os tempos de Moisés, chegando a Davi, mesmo dando inicio ao projeto não teve autorização de Deus para executar por ser um homem de guerra e não de paz, ficando para Salomão erguê-lo , é nesta parte que a história começa, mas há passagens do livro que fala mais do que erguer paredes, construir um templo material, e sim no crescimento espiritual, do renascimento de si mesmo, em certos parágrafos, a reflexão é tão profunda, que nos leva as lágrimas. Como esta o seu templo?
Abandonando o acampamento, desci a trilha de pedra caverna adentro e embrenhei-me pelos corredores desertos das pedreiras, acabando por chegar à sala onde meu grupo trabalhava, e na qual o dia seguinte veria nossa atividade frenética. Sentei-me absolutamente só no chão, com as costas apoiadas na parede, abraçando os joelhos, e fixei meu olhar na rocha viva à minha frente.Tentei mais uma vez, apertando as têmporas com as mãos, enxergar as linhas da rocha que somente Nehemias parecia ver, mas nada aconteceu. Eu era absolutamente cego para o que realmente importava, e tomado por um ódio incontrolável, comecei a chutar e a socar a pedra à minha frente, enquanto as ondas de ódio mortal subiam pelo meu peito acima, e eu urrava como fera selvagem, destruindo meus dedos e pés na agressão à pedra. O sangue começou a manchar a rocha, e depois de um tempo interminável a dor e os ferimentos venceram meu ódio, e eu caí para trás, urrando menos pela dor do que por estar completamente destruído. Eu tinha finalmente chegado ao fundo de mim mesmo, e não sabia mais quem era, de onde vinha, nem para onde estava indo. O Joab criança que eu fora se transformara no Joab que meu tio construíra, e pelos mais torpes motivos este Joab se transformara no Johaben que eu agora tentava ser, mas não conseguia, pois não tinha mais forças para nada. Por mais que eu recusasse, por mais que aquele que eu fora gritasse dentro de mim que eu merecia mais, que eu era especial, que eu era diferente, que eu era melhor que todos, que eu devia ocupar uma posição superior, a verdade mais verdadeira me cobriu com seu manto de absoluta transparência, limpando de minhas vistas as tinturas e névoas que até esse dia me impediam de verdadeiramente enxergar, e eu finalmente compreendi que não havia, nunca tinha havido nem nunca haveria nenhuma diferença entre mim e a pedra. Eu não tinha mais porque lutar: meu sangue sobre a pedra já estava acinzentado como ela, e eu mesmo, como podia ver pelas feridas que os golpes na rocha tinham me causado, ia lentamente tomando a cor e o aspecto da rocha em que estava encostado. O mundo à minha volta era A pedra, eu era de pedra, o ar que me cercava ia lentamente se transformando em pedra, penetrando meus pulmões com sua infinita platitude. Eu não era nada além da pedra, e com um suspiro me deixei escorregar para dentro dela, buscando a paz da integração final com o que nunca soubera, mas que sempre fora e finalmente aceitava ser: um pedaço de pedra cinzenta, sem nome nem destaque, nem marcas, nem segredos. Um frio intenso explodiu dentro de meu coração e eu caí ao chão, aceitando pacificamente a minha morte definitiva. Desisti de viver e me entreguei.
Por algum motivo, no entanto, a morte passou por sobre mim e me deixou, inerme, caído ao chão da caverna. Alguma coisa dentro de mim pulsava com regularidade, e eu acabei percebendo que era o meu coração, batendo em meu peito, marcando cada momento seguinte de minha vida. Meu coração não tinha se enrijecido como pedra. Uma enorme sensação de alívio se instalou em mim, como que me dizendo que a provação pela qual eu vinha passando já se acabara. Deixei que o ar entrasse em meus pulmões, e me permiti sentir a mim mesmo: eu estava limpo, eu me sentia limpo, pois morrera e fora ao meu próprio fundo buscar-me. De algum lugar lá embaixo, na escuridão do meu íntimo, onde eu nem mesmo desconfiava que existisse alguma coisa, eu conseguira roubar o sopro necessário para reiniciar minha existência. Eu agora podia existir, pois o jugo que meu passado tinha algemado à minha vida havia finalmente sido quebrado. Não havia mais nada que me prendesse a nada: tudo se apagava como que por encanto, e os fantasmas e desgraças de meus dias passados tomavam finalmente seu tamanho verdadeiro, um tamanho infinitamente pequeno. Em mim, no fundo de mim, estava a força de que eu precisava para quebrar essas cadeias. Compreendi, então, que ao aceitar o meu próprio fim e abandonar pela exaustão o leme de minha vida, ele tinha sido tomado por alguma força superior que sempre estivera dentro de mim, mesmo quando eu não sabia disso. Essa força é que me arrancava a cada momento mais uma respiração, mais uma batida de coração, essa força é que me sustentou quando a carga se mostrou quase excessiva, mas que também nunca permitiu que a ela se adicionasse a pluma que me quebraria a espinha. E em minha mente renascida surgiu com todos os detalhes, como se eu lá estivesse, o grande céu estrelado que nos cobria, e eu via em cada uma dessas estrelas a mesma força que pulsava dentro de mim, renovando meu compromisso com a vida. Por quanto tempo eu andara enganado, ora achando que o Universo tinha sido criado para tudo me conceder, ora sofrendo porque o Universo tinha se transformado em um plano sinistro contra mim... Nada disso: o Universo nunca tinha sido nem meu serviçal nem meu inimigo: nada me devia e nada me cobrava. A força que o iluminava era a mesma que fazia com que eu me movesse, e quanto mais eu me movesse em consonância com ele, mais perfeito seria o nosso movimento em comum. Abri meus olhos, molhados por meu primeiro pranto de alívio verdadeiro, e uma grande onda de alguma coisa que eu só posso chamar de amor cresceu dentro de mim, porque a caverna em que eu me encontrava, inesperada e maravilhosamente iluminada por uma estranha luz dourada, pulsava no mesmo ritmo do meu coração e, sem perder a cor cinzenta que era a sua natureza, ia ficando mais e mais transparente. Eu podia enxergar dentro das paredes de pedra as veias pelas quais corria a seiva viva da rocha, vinda de todos os cantos do mundo, numa fabulosa exibição de vida para todo o sempre. Nesse momento inesquecível entre tantos outros que eu vivera e ainda viveria, eu tive então a certeza plena de que a pedra e eu éramos uma coisa só.
Por algum motivo, no entanto, a morte passou por sobre mim e me deixou, inerme, caído ao chão da caverna. Alguma coisa dentro de mim pulsava com regularidade, e eu acabei percebendo que era o meu coração, batendo em meu peito, marcando cada momento seguinte de minha vida. Meu coração não tinha se enrijecido como pedra. Uma enorme sensação de alívio se instalou em mim, como que me dizendo que a provação pela qual eu vinha passando já se acabara. Deixei que o ar entrasse em meus pulmões, e me permiti sentir a mim mesmo: eu estava limpo, eu me sentia limpo, pois morrera e fora ao meu próprio fundo buscar-me. De algum lugar lá embaixo, na escuridão do meu íntimo, onde eu nem mesmo desconfiava que existisse alguma coisa, eu conseguira roubar o sopro necessário para reiniciar minha existência. Eu agora podia existir, pois o jugo que meu passado tinha algemado à minha vida havia finalmente sido quebrado. Não havia mais nada que me prendesse a nada: tudo se apagava como que por encanto, e os fantasmas e desgraças de meus dias passados tomavam finalmente seu tamanho verdadeiro, um tamanho infinitamente pequeno. Em mim, no fundo de mim, estava a força de que eu precisava para quebrar essas cadeias. Compreendi, então, que ao aceitar o meu próprio fim e abandonar pela exaustão o leme de minha vida, ele tinha sido tomado por alguma força superior que sempre estivera dentro de mim, mesmo quando eu não sabia disso. Essa força é que me arrancava a cada momento mais uma respiração, mais uma batida de coração, essa força é que me sustentou quando a carga se mostrou quase excessiva, mas que também nunca permitiu que a ela se adicionasse a pluma que me quebraria a espinha. E em minha mente renascida surgiu com todos os detalhes, como se eu lá estivesse, o grande céu estrelado que nos cobria, e eu via em cada uma dessas estrelas a mesma força que pulsava dentro de mim, renovando meu compromisso com a vida. Por quanto tempo eu andara enganado, ora achando que o Universo tinha sido criado para tudo me conceder, ora sofrendo porque o Universo tinha se transformado em um plano sinistro contra mim... Nada disso: o Universo nunca tinha sido nem meu serviçal nem meu inimigo: nada me devia e nada me cobrava. A força que o iluminava era a mesma que fazia com que eu me movesse, e quanto mais eu me movesse em consonância com ele, mais perfeito seria o nosso movimento em comum. Abri meus olhos, molhados por meu primeiro pranto de alívio verdadeiro, e uma grande onda de alguma coisa que eu só posso chamar de amor cresceu dentro de mim, porque a caverna em que eu me encontrava, inesperada e maravilhosamente iluminada por uma estranha luz dourada, pulsava no mesmo ritmo do meu coração e, sem perder a cor cinzenta que era a sua natureza, ia ficando mais e mais transparente. Eu podia enxergar dentro das paredes de pedra as veias pelas quais corria a seiva viva da rocha, vinda de todos os cantos do mundo, numa fabulosa exibição de vida para todo o sempre. Nesse momento inesquecível entre tantos outros que eu vivera e ainda viveria, eu tive então a certeza plena de que a pedra e eu éramos uma coisa só.
Livro: Johaben - Diário de um Construtor do Templo.
Autor: Z. Rodrix.