6 de junho de 2008

Gente da minha terra.

Sr. Gigi assim é conhecido um mineirinho de 89 anos, sabe aquelas pessoas que você olha e simpatiza, este senhor em questão faz a alegria, sempre tem uma piadinha nova, (incrível nunca repetiu nenhuma). Um dos passatempos preferidos é escrever cartas, a moda antiga, papel e caneta, isto não significa que ele não entenda de internet, sempre tem um texto, uma frase, a resposta de uma carta e claro uma história, mais me divirto com as da mocidade em Minas Gerais.
Conta-nos seu Gigi que os bordeis daquela época, pagava-se para dançar com as moças da casa, a cada volta ou música marcava na fichinha, o clima esquentava pagava-se mais, a coisa funcionava bem de acordo com o bolso, ele rapazote como bom dançarino e melhor ainda de lábia, era a paixonite de umas das moças, e ela a cada cinco danças, marcava uma. Ele diz isto com um brilho nos olhos e um sorriso de saudade.
Em sua última visita deixou-me este texto no Mario Quintana.
Deficiências

“Deficiente”é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.
“Cego” é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da mascara da hipocrisia.
“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer. E finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
“Miseráveis” são todos que não conseguem falar com Deus.

Mario Quintana

7 comentários:

Jana disse...

rsrsrs muito legal Mario... já conhecia.

beijo

Anônimo disse...

Gaúcho de Alegrete, fumante inveterado, de baixa estatura e tendo encolhido ainda mais com o passar dos anos, Mário Quintana foi um gênio da poesia brasileira. Não teve o reconhecimento da Academia Brasileira de Letras, mas tem a gratidão do povo gaúcho e de inúmeras pessoas que cedo ou tarde acabam tendo contato com algo que ele escreveu. Para ele “ser poeta não é uma maneira de escrever, é uma maneira de ser”. As três rejeições para a chamada “imortalidade” o tornaram mais imortal ainda. O poeminha:
"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho"!
Diz tudo.
Em tempo:
A descrição deste cidadão, mineirinho, me fez lembrar Mário, não só por ter prestado serviço militar em Alegrete, como vê-lo com certa frequência na "rua da Praia" em Porto Alegre.
Abraços e muita saúde Rosa!

Anônimo disse...

Marcondes o mais incrivel é que achei uma foto do Mário e eles realmente são muito parecidos, pena que não consegui postar estava dando erro.

Abraços

Poeta Đa Lua disse...

rosa,
quanto tempo há em um instante?
não sei dizer...
mas em um instante de tempo a felicidade poderá ser tão intensa que se faz valer por muitos instantes de tempo, quem sabe.
um abraço e até...

Poeta Đa Lua disse...

p.s.:

gostei do texto de mário quintana. como é difícil falar de nossas deficiências, embora as reconhecemos. hum, gosto também de escrever cartas em papel antigo, gosto.
até...

Anônimo disse...

Belo texto de Mario Quintana , quanto a esse Senhor seu amigo de 89 anos, me fez lembrar meu falecido avô , que também era alegre e sempre contava da época que tinha baile no sitio , e como ele dançava fandango.Como já ouvi alguém dizer , os dias de antigamente se não eram melhores com certeza não eram piores que hoje. Abraços

Anônimo disse...

Mário sempre foi um gênio, já havia lido esse texto e o achei bárbaro.Beijuuss