25 de julho de 2008

Tédio.

Lucy era inteligente; em geral, seus comentários eram procedentes e divertidos. Tratava-se de uma companhia que Elinor considerava agradável por meia hora. Os dotes naturais de Lucy não haviam recebido o reforço de uma boa educação; ela era ignorante, iletrada e a deficiência de qualquer aperfeiçoamento mental, a falta de informação a respeito dos assuntos mais comuns, não podiam passar despercebidos da Srta. Dashwood, a despeito da constante atitude da jovem Steele para demonstrar vantagens. Elinor percebia, e sentia pena dela por isso, o desperdício de habilidades que uma boa educação tornaria excelentes. Mas também via que imensos impulsos generosos, a falta de delicadeza, de retidão moral e de integridade de opiniões que era demonstrada pelas atenções, pela bajulação e dissimulação, enfim pelo modo que a moça agia o tempo todo que passava em Barton Park. E Elinor era incapaz de sentir satisfação na companhia de uma pessoa que unia absoluta dissimulação com ignorância, cuja falta de instrução impedia que conversassem em pé de igualdade e cuja conduta para com os outros demonstrava uma atenção e deferência que revelavam completa ausência de respeito por si mesma.

Livro I Capitulo XXII Razão e Sensibilidade de Jane Austen


Separei este trecho em especial porque ultimamente estou vendo-me pela descrição das duas moças deste texto, reuniões sociais em sua maioria entorpece o cérebro com tanta falta de raciocínio, não estou colocando-me acima dos mortais, porque em mim a voz calou-se, somente ouço e não emito opinião alguma, sou omissa comigo mesma.
Cidades do interior estas reuniões sociais resume-se: a comer, sempre em rodas meninos x meninas, por vezes chego a sentir inveja do meu marido que ao menos pode falar mal o juiz, e eu fico lá para ouvir problemas domésticos, fofocas, travessuras das crianças, horas de parto ‘a mais sofrida ganha’ e claro não pode faltar os problemas conjugais, que em certas ocasiões da vontade de perguntar:
_ Nunca passou pela sua cabeça a separação?

Nestas ocasiões temos também o marido exemplar, que a maioria suspira ‘nossa ele faz mamadeira para a neném’ a esposa responde meigamente:
_Sim, nos revezamos para cuidar dela à noite.
Mas sabemos que o Sr. Perfeição e um canalha. Então se resume em hipocrisia pura.

Estou tão anti-social e sinto-me bem. Que nada como a velha desculpa da enxaqueca para livrar-me deste tédio todo, e ter comigo mesma certa consideração.


Abraços, e até logo mais.
Estou olhando fixamente para uma pilha de relatórios que infelizmente não se farão sozinhos.

8 comentários:

Anônimo disse...

Pela primeira vez estou postando um comentario pelo iPhone. E ñ digo isso para me exibir, mas sim por que o meu notebook é tão velho e lento e como estou em trânsito o celular se tornou a melhor opção. Empatia é uma coisa que sempre tive de sobra e lendo o teu post me vi na mesma situação, e mais, me lembrei quando arrumei uma boa desculpa para ñ participar de certas "atividades sociais". Resumindo evitei ser mais casal de "jantarianos" e aturar cabeças povoadas de muita hippcrisia. Abraços! Ah!Em tempo, a wireless do hotel onde estou (Princetel-Londrina) é de graça e funciona muito bem.

Dr. Fácil disse...

Vc tem razão. E a sua fortaleza é essa. Numas horas é só pra tocar as coisas e ficar na sua, segura. Beijão!

Anônimo disse...

Realmente determinadas reuniões sociais cansam pela hipocrisia.Além do que você falou tem aquelas ridiculas disputas de quem comprou isso ou aquilo. A classe média sempre querendo se passar por rica, e um querendo dizer que tem mais dinheiro que o outro.Eu não aguento muito esse tipo de papo furado, por isso sou meio anti- social, quando as pessoas veêm em casa são bem recebidas, agora eu ir na casa delas é bem dificil. Abraços do Elefante

Poeta Đa Lua disse...

passei só para dizer oi, logo estarei de volta!!!

abraço e até...

ANA LÚCIA disse...

Gostei do seu blog. Interessante.
Visite o meu: arteeefeito.blogspot.com
Com assuntos diversificados, visando o entretenimento.
Abçs,
Ana

Jana disse...

Hipocresia é o mal do ser humano (entre outras coisas)

beijo

Nile e Richard disse...

Olá amiga.Adorei o seu texto.A sociedade nos faz ver quanta ipocrizia ainda existe nos tempos de hoje.bjtos.Nile.

Blogildo disse...

Jane Austen sabia nos descrever muito bem!
A vida no interior é um tédio, mas na cidade não é muito diferente.

Abs!